quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Golpe de vista

Saí para um fim de semana com a agenda meio lotada, com um compromisso aqui, outro ali, a bordo desse novo popular japonês. Ajustei os bancos, retrovisores, peguei um pen-drive com meus mp3 favoritos e já fui para o meu primeiro compromisso. Ao sair da editora, parti para a Marginal Pinheiros. Acionei a seta, olhei pelo retrovisor esquerdo e comecei a mudar de faixa para me livrar dos caminhões que dominam a da direita. Não vi nenhum carro próximo até que… Ops! Ouvi uma buzina e fiquei indignado comigo mesmo por não ter visto o veículo que vinha. Esperei um pouco mais para mudar de faixa, pede desculpa ao outro motorista e reparei melhor no retrovisor: ele tem um enorme ponto cego. Fiquei mais atento para essa deficiência do March.
No sábado, com o dia mais claro, observei melhor os detalhes do hatch. Seu desenho é pouco atraente. Os faróis até que tem seu charme, mas acho totalmente ultrapassados – parecem de um modelo do final dos anos 90. Já a lanterna traseira sobressai levemente da lataria e se você olhar isoladamente é como o farol: até que não é feia, mas não dá harmonia ao visual.
O interessante de ter vários compromissos no final de semana, foi a possibilidade de passar por situações diversas e encontrar pessoas que poderiam ser consumidoras em potencial do modelo. Ao estacionar onde faço um curso no sábado, saí do carro e logo ouvi: “E aí, Marcelo, esse aí é o March 1.6?”. Olhei para cima e vi o que professor observava com cuidado o veículo. Ele disse que está procurando um carro pequeno para ajudar sua esposa nos afazeres do dia a dia, como ir ao mercado, levar as crianças na escola, e pensou em comprar o japonês com motor um pouco mais potente. A mesma situação encontrei ao ir até a casa de um amigo. Mas, no caso, é a cunhada que quer comprar um para a mesma função. As mulheres acharam o modelo “uma gracinha” – como elas mesmas disseram ao vê-lo. Elogiaram o tamanho do porta-malas, o desenho e adoraram o espaço para o passageiro do banco traseiro, também.
De fato, o March atende muito bem essas necessidades: é prático e ágil para uso urbano, devido a suas dimensões, cabe em qualquer vaga e sua direção elétrica torna ainda mais fácil a entrada em lugares apertados, sejam as vagas em 90 graus no shopping center entre dois SUVs ou as paralelas, nas ruas.
Achei que o motor, apesar de sua potência, demora um pouco para responder em retomadas. O acabamento é simples, mas o que esperar de um carro popular? O controle dos retrovisores elétricos ficam à esquerda do painel. Na minha opinião, deveriam estar na porta junto aos comandos dos vidros e travas elétricas. E o acionamento do computador de bordo deveria ser através da alavanca de seta e não através daquele botãozinho no centro do quadro de instrumentos.
No geral, esse Nissan é um popular como qualquer outro. Mas o grande diferencial é a sua dirigibilidade, suspensão macia e a direção leve. É um veículo prático para o dia a dia, mas peca no design e na visibilidade do retrovisor.

Quem vê cara, não vê…

Foi quando me disseram: “O nome dele é March. É todo novinho, perfil jovem, mas tem uma ‘carinha’ estranha. Depois conta se aprova”. Costumo comparar carros com pessoas. Ao conhecer alguém que você só tinha escutado falar, qual a primeira coisa que repara? Sinceramente, eu olho a aparência. E com os carros, a mesma coisa. Antes de saber se ele é ou não bom pra mim, preciso achá-lo (no mínimo) “ajeitadinho”.
Confesso que o March não me arrancou suspiros. As formas e linhas não se harmonizam. No comparativo feito porAutoesporte na edição de outubro, chamaram-no de “pudim mole”. Pegaram pesado? Talvez. Mas o carrinho não é de se “perder o fôlego”. Não foi paixão à primeira vista! As calotas, como bem disse o editor Daniel Messeder, são um desastre. Mas quem vê “cara”, não vê… Bom, foi nesse espírito que resolvi “conversar” com o japinha.
Fui para o nosso primeiro encontro. Assustei-me quando notei seu “modelito”: uma faixa preta se estende do para-choques dianteiro ao traseiro. Xiii, ponto a menos! Arrojado demais para o meu gosto… Mesmo assim, saímos. E foi eu conhecer o interior e as coisas começaram a mudar. Logo me dei bem com os ajustes do banco e dos retrovisores. O teto alto o deixa espaçoso. Enfim, senti-me a vontade a bordo. Estava indo para casa apresentá-lo à família. Será que vão gostar?
Nosso tempo juntos foi ótimo! A cada quilômetro, o March me surpreendia. Além de aparentar ser econômico (nos 50 km para casa, o ponteiro quase não saiu do lugar), é fácil conduzí-lo, apaixonei-me pela direção elétrica e me senti completamente no controle. Ainda faltava algo. Ah, o som! Vamos colocar uma música. O som não é dos melhores, aliás, ele é um adicional e não vem de fábrica na versão em testes aqui no Quarentena.
Mesmo assim, o aparelho, de 1DIN, tem um porta objetos logo abaixo que, se removido, permite a instalação de sistemas multimídia mais modernos, de 2DIN. Ou seja, ponto positivo! O som pode ser melhorado. Enquanto isso, tentei ajustar a equalização do som para extrair o melhor dos alto-falantes. Também acho essencial um comando do rádio no volante, que torna a direção mais segura. Mas aí é esperar demais do japa 1.0, não é?!
Chegamos em casa. Para estacionar, o March é ainda melhor. Prático e ágil, o modelo entende todos os movimentos do volante rapidinho. Uma pena a família já estar dormindo. Ninguém conheceu a visita. Gostaria de apresentá-lo especialmente à minha filha, para saber se ela se afeiçoaria com o modelo, como eu. Temos uma cadeirinha para locomoção da gatinha de 4 anos. Aparentemente, há espaço mais que suficiente para crianças atrás. Mas fico devendo esse teste.
Passamos apenas uma noite juntos. Mas confesso, apesar de não ser lindo, adorei o March! E o melhor de tudo, é super acessível em preço (mais um ponto para ele!). Bom, March, você foi aprovado. Dá conta do recado! Quem sabe a gente não se esbarra de novo por aí.

Qual é a dos japoneses compactos?
Premissa 1: O Brasil é o país dos carros compactos;
Premissa 2: O Brasil é um dos poucos mercados no mundo com grande potencial de crescimento;
Premissa 3: Todas as marcas querem uma fatia desse mercado tão promissor;
Premissa 4: Para conseguir uma boa fatia desse mercado, só produzindo carros compactos no Brasil (ou nos parceiros Argentina e México).
Parece muito simples, mas não é fácil ingressar com sucesso no segmento de compactos no Brasil. Para começar, quem chega tem de enfrentar quatro marcas tradicionais, com grandes redes de revenda. Ter rede grande não só ajuda a escoar a produção, mas passa uma sensação de segurança a quem compra, pelas facilidades no pós-venda.
De todas as marcas que chegaram ao Brasil a partir dos anos 90, só as francesas haviam se aventurado no segmento de entrada. E até hoje elas sofrem para garantir seu quinhão. A Peugeot foi bem com o 206, referência de estilo, mas patinou ao não trazer o verdadeiro 207, e agora espera o 208 para correr atrás do prejuízo. A Citroënsempre se posicionou como premium com o C3, sem motor 1.0, e conquistou o coração de muitas mulheres. A Renault se atrapalhou com o Clio, agora vai melhor com o Sandero, com apelo do espaço. Na essência, os compactos franceses são vistos como mais caros na compra e na manutenção, mas com algo mais em termos de acabamento. Garantiram seu espaço, mas não é dos maiores.
Agora chega uma nova leva de compactos de origem oriental. Os chineses ainda enfrentam a desconfiança. O coreano Kia Picanto é caro, por ser importado. E os japoneses? Bem, por enquanto é “o” japonês, o Marchimportado do México, que futuramente será fluminense.
Qual é a essência dos japoneses pequenos? Por enquanto, anda não consegui identificar a pegada deles. A aposta da Nissan, que será a mesma da Toyota, talvez da Honda e da Mitsubishi, é tentar transplantar para os pequenos a mesma confiabilidade dos bem-sucedidos sedãs médios Civic e Corolla. Conseguirão?
A missão parece difícil. O March tem airbags de série, tem direção elétrica, tem um bom motor 1.0. Mas se parece demais com os compactos das quatro grandes quando o assunto é estilo e acabamento. As soluções de desenho do March remontam ao primeiro Ka, de 1996. Ou seja, não há um avanço, como seria de se esperar dos criativos japoneses. Pelo que avaliamos do Toyota Etios e do Honda Brio na Índia, nada promissor virá do país do sol nascente, pelo menos num primeiro momento. Eles são bons em carros de médio porte e em microcarros (vendidos apenas por lá), mas ainda não encontraram um DNA convincente para o meio termo, que é o filé do mercado brasileiro.
Já os coreanos prometem mais emoção. O Kia Picanto é uma grata surpresa, pena que seja importado e chegue tão caro. Se o Hyundai HB piracicabano, a ser lançado no fim de 2012, mantiver pegada parecida com o do Kia, aí sim as quatro grandes terão enormes motivos de preocupação. Pelo menos em termos de produto. Em termos de rede, os entrantes ainda precisarão de muito tempo e investimentos.

Honestidade basta?

Tenho uma relação passional com carros. Gosto de modelos que me atraiam emocionalmente, seja pelo design, pela dirigibilidade, pela modernidade do painel ou pelo conjunto da obra. Acho o automóvel um bem muito caro para ser comprado só com a razão, como o requeijão mais barato do supermercado. Para mim, tem que rolar uma empolgação na hora de assinar o cheque. Claro que por força da profissão já dei vitória em comparativo para muito carro racional, no lugar do modelo que realmente mais gostei. Mas aqui no Quarentena, que permite uma avaliação bem pessoal, vou falar que o March não me animou – e não apenas por ser 1.0.
Para começar, ao vê-lo me lembrei de quando o Corsa chegou ao Brasil, em 1994. Não pelo ineditismo que o compacto da Chevrolet trouxe ao mercado, mas sim porque eles parecem contemporâneos. O design do March é muito “anos 90”, por fora e por dentro. Se a dianteira é até simpática, a traseira e o painel não encantam ninguém. O acabamento monocromático e com textura única são coisa do passado. E as calotas saindo da roda? Ninguém merece… Vou ajustar a posição para dirigir e quando libero a alavanca para regular a altura do volante a coluna não desce, ela simplesmente despenca no meu colo. Faltou refinamento aí, Nissan. Mas OK, muitos 1.0 nem sequer ajustam a altura do volante.
Saímos para um passeio e o March começa a mostrar suas virtudes. O motor 1.0 16V da Renault, somado ao baixo peso do carrinho, deixa as respostas bem agradáveis para um “mil”. Não é preciso esgoelar o motorzinho para acompanhar o fluxo do trânsito, pelo contrário, é possível fazer trocas de marcha em baixa rotação que ele aceita sem reclamar. Outro ponto de destaque vai para a direção elétrica, uma verdadeira mão na roda para as manobras do dia a dia, sem contar a boa agilidade na cidade. A suspensão também me pareceu bem acertada para o piso brasileiro. Macia, passou com louvor na minha valeta-teste lá perto de casa. Falta conferir a estabilidade, o que não foi possível no trajeto trabalho-casa-trabalho. Mas o hatch não é “bobo” nos desvios.
Mais um tempo ao volante e percebo que os retrovisores são pequenos demais, uma falha que fica mais evidente numa cidade recheada de motoboys, como São Paulo. O câmbio também não me convenceu. Até que o curso da alavanca não é muito longo, mas parece que há um “caroço” entre as trocas de marcha, o que deixa os engates ruins e barulhentos – me lembrou alguns modelos chineses. Já os freios são “8 ou 80”, com atuação fraca no começo do curso do pedal. Por fim, o quadro de instrumentos transmite uma sensação de pobreza, com grafismo sem graça e uma parte (na direita) que simplesmente fica vazia. Pelo menos há computador de bordo, que, aliás, está registrando a boa média de 11,3 km/l de consumo com gasolina, na cidade.
Se você é daqueles que compram carro pela razão, o March pode ser seu 1.0. Anda direitinho, é confortável, econômico, tem três anos de garantia… Enfim, um hatch honesto. Mas quando parei o Nissan ao lado do novo Picanto na garagem da editora, percebi o quanto ele está longe de ter o mesmo fator “vontade de comprar” do Kia, esse sim o meu 1.0 favorito atualmente.

Até o fim com o March

Recebi o March com o tanque de 41 litros quase vazio, e a missão de esgotar o que lá restava, para abrir o consumo com gasolina. Pelo computador de bordo, a autonomia estava em 64 km, o que em tese seria suficiente para eu ir para casa e voltar. Mas logo percebi que não poderia confiar cegamente nele. A todo momento, a quilometragem estimada no (pequeno) display digital subia e descia. Caía de 64 km para 50 km, e em seguida voltava a aumentar. Na subida que encaro diariamente no caminho de casa, os números foram substituídos por traços, uma espécie de mensagem que significa “agora é com você, não conte mais comigo”. Como se eu estivesse contando…
Na manhã seguinte, já com todas as barrinhas do mostrador de combustível apagadas e o display piscando desesperadamente na minha frente, andei mais uns 15 km, antes de parar para abastecer. Como coloquei apenas R$ 15 (5,7 litros), apareceu apenas uma barrinha, mas o pisca-pisca não parou, e a autonomia não voltou a dar as caras. Fez que não era com ela. Ora, esse tipo de computador de bordo tem pouca utilidade. Afinal, quando a gente mais precisa dele (quando o combustível está no fim) ele nos abandona.
No mais, o March é um carro agradável. A versão com motor 1.6 (testada na edição de dezembro da AE) já havia me deixado impressionado pela agilidade de esportivo. E esse 1.0 também não decepciona. Não é à toa que, em desempenho, ele deu “um pau” no Fiat Uno 1.0, no comparativo da edição de outubro da revista. Aceleração de 0 a 100 km/h em 13,4 segundos não é marca para qualquer 1.0. No trânsito, e mesmo em subidas, o carro mostrou ânimo, embalado não só pelo motor de 74 cv, mas também pelo baixo peso (925 kg). O câmbio também agrada, com engates macios. Aliás, é muito difícil a gente sair de um Nissan sem elogiar o desempenho. De March aFrontier, passando por Livina, os carros da marca japonesa costumam agradar quando o assunto é motor.
Achei a direção elétrica muito leve. Em manobras, ela até parece estar desconectada das rodas, de tão leve. Ajuda muito na hora de estacionar. Não gostei desse tipo de comportamento no 1.6, porque acho que veículo com pegada esportiva deve ser firme na direção, suspensão e freios. Mas, em carro 1.0, tudo bem. Aqui a prioridade é outra.
Falando em suspensão, o March é bem macio, e a carroceria se inclina bastante nas curvas. O lado bom disso é o conforto. Não gostei dos freios, e não apenas porque a Nissan não oferece ABS (o que considero imperdoável), mas por causa do pedal sem modulação: o ideal é que a força de frenagem aumente à medida que o pé vai pressionando o pedal. Mas, no March, se você pisar de leve, os freios nem tomam conhecimento. E se você pisa um pouco mais firme, eles entram de uma vez, sem possibilidade de dosagem precisa.
Por causa disso, numa frenagem de emergência os pneus tendem a travar muito facilmente, o que aumenta a distância de parada. Nossos testes mostraram bem isso: o 1.0 parou de 80 km/h a 0 em 30,0 metros, número que baixou para 28,3 m no 1.6 (por causa dos pneus mais largos, que a propósito são chineses). Em ambos os casos, são números altos. Para finalizar, as calotas muito saltadas passam a impressão de que estão mal instaladas nas rodas.

Para ver e ser visto

Quando o March veio para o comparativo com o Uno, eu não tive a oportunidade de dirigi-lo. Por isso, até este fim de semana, tudo o que eu sabia sobre ele era o que eu havia lido. Uma das coisas que o repórter Ricardo Sant’Anna escreveu na edição de setembro foi que a nova plataforma V da Nissan se traduziu em ampla visibilidade no compacto. Eu concordo. Mas achei que valia a pena tirar a teima e fui procurar as notas do carro no índice de visibilidade do Cesvi Brasil. O centro de segurança viária analisa os vidros, espelhos retrovisores, carroceria e pontos cegos e atribui notas para visão traseira, lateral e dianteira – o resultado final é apresentando através de estrelas, em uma graduação que vai de 0,5 a 5. O March obteve três.
Como já estava no site, aproveitei para ver o desempenho de outros hatches compactos. O corte foi por modelos com motor 1.0, como o Nissan testado no momento, e opção de cinco portas – o que excluiu o Ford Ka. O VWFox aparece na tabela como “3P” porque não estava disponível no site do Cesvi na configuração cinco portas. Mas conferimos que o 1.6 com essa característica apresenta as mesmas notas. A tabela com os resultados está logo abaixo, e mostra que as melhores opções são Fiat Mille Fire e Palio Fire, Renault Clio e VW Gol G5, todos com três estrelas e meia.
Outros três índices do Cesvi foram incluídos no comparativo: danos de enchente, CAR Group e Segurança. O primeiro tem como critérios o risco de problemas no calço hidráulico e em componentes como sistemas de admissão e de escape, alternador, centrais elétricas, sensor de oxigênio (lambda) e de rotação do motor, entre outros.
O CAR Group expressa o resultado de testes de impacto de baixa velocidade (15 km/h), com colisão de 40% da dianteira esquerda e 40% da traseira direita. “Após cada impacto, o veículo é levado a uma oficina-modelo, onde é estudada a extensão dos danos”, explica o Cesvi em seu site. O cálculo final considera os custos da reparação, o tempo de substituição e a cesta básica de peças.
Por fim, o índice de segurança, que verifica a disponibilidade de itens desse tipo. O ranking é elaborado a partir de uma ponderação entre os componentes destinados à segurança ativa (45% de participação no cálculo), segurança passiva (40%) e patrimonial (15%). A pontuação de cada componente leva em consideração os seguintes pesos:
- de série: 100% do valor;
- opcional: 50%.
Infelizmente, não há dados disponíveis (ND) para o March. E nenhum modelo tem mais do que duas das cinco estrelas possíveis.
De volta ao volante, fiquei satisfeita com o desempenho do carro. Na maior parte do tempo, eu estava sozinha ou com apenas mais um passageiro, condição em que o hatch mostrou comportamento adequado para um 1.0 (74 cv). A média de consumo com etanol ficou em 9.0 km/l (vamos providenciar o consumo com gasolina). O câmbio tem relações bem curtas, especialmente a primeira e a segunda. Mas os engates poderiam ser mais macios. A maciez é encontrada na suspensão, focada no conforto. Como já foi dito aqui, a direção é levinha e facilita muito as manobras. E o acabamento é realmente simples: há bastante plástico e, nas portas, ele parece “maleável” demais. Em compensação, há boa oferta de porta-objetos.
Conteúdo dos pacotes são:
Plus: Calotas integrais; limpador, lavador e desembaçador traseiro temporizado; regulagem interna dos espelhos retrovisores.
Conforto: Plus + ar-condicionado; direção elétrica progressiva; volante com regulagem de altura.
Ah, outra coisa que me deu a ideia de falar sobre visibilidade foi a aparência do March. Eu prefiro não julgar o design, pois entendo que seja uma questão muito pessoal. Particularmente, considero que o melhor ângulo do carro seja o que abre esse post, a lateral. Sem os adesivos, o March passaria meio batido pelas ruas. Mas com eles, ele fica mais engraçadinho e atrai mais olhares – como o do dono de um Kia Picanto antigo que emparelhou ao lado do hatch na tarde do domingo com duas perguntas na ponta da língua: “Oi, é o do Quarentena?” e “Tá gostando?”. Para a primeira pergunta, a resposta é óbvia. Para a segunda, bem, achei o March um carro correto para o segmento em que está (e antes que me critiquem, claro que ele e todos os rivais precisam melhorar muito as questões de segurança). Mas como bem definiu o quarentenado Victor em seu comentário, ele é morno. Morno demais para o meu gosto.

Mais detalhes sobre o crash-test Latin NCAP

Olá, pessoal.
Esse Quarentena começou quente, hein?
Primeiro, veio a notícia de que o March superava as expectativas de vendas. Um bom início de carreira para o modelo no país.
Mas a boa fase durou pouco – até que vazaram na internet os primeiros resultados dos testes de colisão frontal realizados pelo Latin NCAP. Neles, o March aparece com um resultado aquém do esperado: duas estrelas na proteção de ocupantes adultos e uma, na de crianças. Rapidamente colocamos o resultado aqui, afinal, ele é o modelo avaliado no momento. Também procuramos a Nissan para saber o posicionamento e fomos uns dos primeiros a divulgar a resposta da marca. No dia seguinte, quando os resultados completos saíram, publicamos a notícia no site AE, comentando todas as avaliações.
Pois bem. Muitos quarentenados nos questionaram. Disseram que demos mais destaque para o desempenho doMarch do que ao dos demais modelos. Bom, isso se explica pelo fato de ele ser o veículo avaliado agora no Quarentena. Mas, mais do que isso. Isso se justifica porque seu equivalente europeu, o Micra, teve ótima avaliação no crash-test feito pelo Euro NCAP.
Cobramos uma resposta mais detalhada da Nissan, perguntamos diretamente se há diferenças na estrutura e nos materiais usados em ambos. Mas a marca ainda não respondeu. Vamos insistir.
Também encaminhamos perguntas detalhadas para outras montadoras, como a Fiat – que vocês tanto insinuam que protegemos. Até agora, a montadora italiana só falou que “os veículos produzidos no Brasil estão enquadrados nas normas de segurança vigentes no país”. Também estamos checando os dados e já solicitamos mais detalhes.
O fato é o seguinte: infelizmente, nenhum dos modelos populares vendidos no Brasil se saiu bem no teste da Latin NCAP. O Uno foi o que mais decepcionou em proteção aos adultos: ele conseguiu uma estrela no quesito e obteve 2.0 pontos – em uma escala de pontuação que chega a 16.00. Na tabela acima vocês conferem não apenas a atribuição de estrelas, mas as notas de todos os veículos já testados pelo Latin NCAP – no ano passado e neste.
A lista está dividida em duas partes. A primeira traz os veículos que a instituição escolheu para testar. A segunda, os carros que as montadoras pediram que fossem avaliados. A única diferença no processo é que os testes “patrocinados”, como o nome sugere, são custeados pelas fabricantes. No mais, a Latin NCAP é a responsável pela compra dos automóveis e por conduzir todo o procedimento.
Por ora, podemos dizer o seguinte: estamos acompanhando essa questão bem de perto. Mas, também, não podemos resumir o Quarentena a isso. Os posts seguem. Conforme vocês pediram durante a estadia do Fiat 500, temos procurado olhar os detalhes, diversificar as análises. As opiniões serão distintas e nem sempre vão agradar a todos. Mas a ideia é essa, mesma, não? Apresentar diferentes pontos de vista sobre o mesmo carro para ajudá-los a formar suas próprias opiniões sobre ele.
O espaço está aberto para vocês comentarem e darem sugestões de pautas que gostariam de ver aqui.
Encontramos-nos novamente…
Marina Jankauskas, estagiária de AE
Esse não foi o meu primeiro encontro com o Nissan March. Já nos conhecíamos de outros carnavais e, devo admitir, não foram exatamente bons momentos para o carrinho japonês. A primeira vez que nos vimos foi em setembro deste ano. A Autoesporte estava preparando sua edição de outubro, e quase todos os jovens da redação (incluindo a estagiária aqui) foram convocados para uma pauta que iria comparar o hatch com o Fiat Uno, dois carros para universitários. Se você não sabe o que aconteceu, foi porque não leu a edição, e perdeu uma ótima matéria (!). Mas eu serei legal e vou te contar: o Uno deu uma lavada no March. Praticamente todos os participantes gostaram mais do carro da Fiat.
Você pode imaginar, então, qual era a minha expectativa ao encarar novamente o March. Mas, quando cheguei para buscá-lo, não conseguia me lembrar porque ele havia me desagradado. Longe do Uno, achei o design bonitinho. Não sei se foi a cor do modelo (um cinza mais escuro) ou a faixa preta, mas sei que mudei de ideia. O interior é básico, mas agrada. O ajuste elétrico dos espelhos laterais me deixou empolgadíssima (para quem divide o carro com mais quatro pessoas, e precisa ficar ajeitando o maldito espelho direito toda hora, isso faz uma diferença incrível) e achei o painel simples, mas bem acabado.
Logo na primeira manobra, percebi o que seria o ponto forte do carro: a direção elétrica. Com ela, qualquer manobra fica muito mais fácil e sem esforço, o que dá vontade de mudar de faixa toda hora ou ficar andando de ré. Isso eu até consegui fazer, quando fui preparar o carro para essas fotos e tive que posicioná-lo num corredor um pouco estreito. E foi muito mais fácil do que qualquer carro que eu já manobrei.
Voltando para casa com ele, estava pronta para me desculpar pela matéria de outubro. O carro é fácil de dirigir, muito leve e muito silencioso (começou a passar horário político e eu não tinha nenhum CD, então posso dizer que testei bem esse aspecto). Ele dava uns trancos nas primeiras marchas, mas nada que eu não me acostumasse. Só que aí eu cometi um erro sem volta: liguei o ar-condicionado. Acredite, eu ando em carros 1.0 e sei como eles se comportam. Mas, de certa forma, eu estava tão encantada com o March que não esperava a “desanimada” que o carro deu. Depois disso, percebi que passar dos 60 km/h estava custoso para o japonezinho.
No geral, achei o March um carro “ok”. Ele tem seus altos e baixos, como tudo na vida (frase clichê, porém é verdade, ué!), mas entrega o que propõe: um carro japonês, 1.0, popular.

O degrau do March
O prédio do apartamento onde moro não tem elevador. Então eu subo, todo dia, quatro lances de escada sempre que chego do trabalho. Eu acostumei, mas não é lá muito confortável. Ainda mais se eu acabei de sair de um carro que também não conforta muito. E desde o primeiro momento dentro do March, a ergonomia foi o que mais me incomodou. Mesmo ajustando banco, espelhos, coluna de direção, eu não consegui ficar à vontade.
Podia ser sensação inicial, apenas. Então esperei pra ver se isso passaria com algum tempo de direção. Falando nela, a direção elétrica é prática e dá muita leveza em qualquer manobra. O motor é espertinho, típico urbano: o que ganha de rapidez nas saídas demonstra nos gritos que dá quando o giro sobe. Uma pena, pois, em geral, o carro tem sons que agradam. A porta, de tão leve, nem parece que fechou. Mas fechou sim, sem barulho seco.
Mas então a tal da falta de ergonomia volta. O câmbio fica muito para trás e cansa nas trocas, o controle do ar-condicionado é baixo, os pedais são altos, a embreagem parece muito longa e o acelerador, curto. Mas esse último é culpa do degrau.
Degrau? Pois é, senhoras e senhores, eu lhes apresento “O” Degrau:
Ele fica ali, bem abaixo do pedal do acelerador, colado ao console central. Uma elevação de cerca de dois centímetros que mais parecem vinte, justamente por atrapalhar o apoio do calcanhar. Eu cheguei a pensar que era problema do meu calçado, mas levantei o tapete e vi que é da estrutura do March, mesmo. E isso não se repete do lado do passageiro. Sorte dele.
Mas os passageiros de trás também vão sofrer um pouquinho com o banco de encosto muito reto, embora o espaço para as pernas seja bom, e a entrada e saída do carro sejam razoavelmente fáceis.
No fim, o que mais guardei foi essa sensação estranha. Não bati minha cabeça no teto e não tive dificuldade em mover minhas pernas ao dirigir. Mas, de alguma maneira, não fiquei confortável no March. Afinal, eu já tenho que subir dezenas de degraus pra chegar no meu apartamento todos os dias, e a Nissan vem e me traz mais um?…

O “japa pop” está entre nós


Até bem pouco tempo, seria difícil imaginar um carro de marca japonesa acessível. Também pudera: um Honda Fitcusta cerca de R$ 50 mil e os sedãs médios de Honda e Toyota passam dos R$ 60 mil. Mesmo na linha da Nissan não tinha opções inferiores a R$ 45 mil – todas, faixas de preços nada populares. Agora, temos o March! Cá entre nós, desde que a Nissan confirmou o carrinho, não me conformei com o nome escolhido.
Durante algum tempo, aliás, não conseguia chamar o hatch compacto por outro nome que não Micra – assim ele é chamado em outros países mundo afora. Hoje, confesso que já me acostumei com a palavra March – apesar da sonoridade esquisita. E estava bastante curioso para ter o hatch pequeno aqui na redação. Entre os carros mais acessíveis do Brasil, o March é uma das principais novidades em anos, por ser inédito.
Não vou desconsiderar aqui outros novatos – até os carros chineses chegaram, com destaque para os da JAC Motors, além de coreanos como o novo Kia Picanto. Mas carro japonês acessível, isso é novidade! (por mais que o March seja produzido no México…) Bom, depois de alguma espera, o novo hatch popular está entre nós. Nos próximos 40 dias, teremos aqui no Blog Quarentena uma investigação profunda do modelo mexicano.
De toda a equipe de Autoesporte, certamente eu era um dos mais ansiosos para guiá-lo. Explico: estou à procura do meu primeiro zero quilômetro e entre as opções, que não são muitas, devido à grana curta, está o hatch compacto da Nissan. Além de ser uma das novidades mais recentes, o March tem preço inicial abaixo dos R$ 30 mil, o escudo de uma marca tradicional e um desenho que pode não agradar a todos (mas com estilo).
Nos últimos dias, estava circulando pela Grande São Paulo a bordo do novo Fiat Palio – outro candidato em potencial. E quando entrei na cabine do March na noite desta terça-feira (23), muitas reflexões vieram à cabeça. Primeiro de tudo, assim como a maioria dos carros de marcas japonesas, ele é “careta”. O painel é extremamente racional, sem ousar nas texturas e formas. É redondinho, agradável, funcional, mas bem sóbrio.
A peça é monocrômica, quase toda feita de plástico escuro, com um ou outro detalhe prateado – como os botões giratórios da ventilação. Por outro lado, a ergonomia agrada bastante e todos os comandos têm acesso limpo e intuitivo. Outro aspecto que me agradou foi a boa quantidade de porta-objetos. E mais: todos ficam bem posicionados e têm tamanhos adequados (cabem dois copos de 500 ml de refri no console!).
Em movimento, ainda é cedo para fazer uma imersão. Mas nos primeiros quilômetros e curvas, o que mais me chamou a atenção foram os ajustes da suspensão (aparentemente bem acertada) e da moderna direção elétrica – um dos pontos fortes do March. Também gostei do câmbio manual de cinco marchas, que tem engates leves e suaves. E para um carro “mil”, o desempenho pareceu suficiente, com boas retomadas – os números de teste serão publicados em breve.
Neste primeiro momento, a versão em testes no Quarentena é a 1.0 S, que parte de atraentes R$ 33.390. Por esse valor, convenhamos, o March não é tão barato. Mas a lista de série compensa, com airbags frontais, a direção elétrica, ar-condicionado e “trio” – há até ajustes de altura para volante e banco do motorista. O espaço interno, favorecido pelo teto alto, também é digno de elogios. Comparado aos populares veteranos, diria que o March é mais… racional. (No sentido positivo da palavra!) A intenção é trocarmos o modelo pelo 1.6 na metade da jornada. Dependemos da disponibilidade do carro, mas a Nissan deve conseguir emprestá-lo por ao menos dez dias.
Escrevam nos comentários o que esperam saber do modelo.
Ficha Técnica
Nissan March 1.0 S Flex
Motor: Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, comando simples, 16 válvulas, flex
Cilindrada: 998 cm³
Potência: 74 cv aos 5.850 rpm
Torque: 10 kgfm aos 4.350 rpm
Câmbio: Manual de cinco marchas
Direção: Mecânica com assistência elétrica progressiva
Suspensão: Independente do tipo McPherson na frente e por eixo de torção atrás
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás
Dimensões: 3,78 metros de comprimento, por 1,66 m de largura e 1,53 m de altura; 2,45 m de entre-eixos
Peso (em ordem de marcha): 925 kg
Capacidade do porta-malas: 257 litros (aferidos por Autoesporte)
Tanque: 41 litros
Principais itens de série: Direção elétrica progressiva, ar-condicionado, travas, vidros e espelhos laterais elétricos, airbags frontais, chave com comandos de abertura e travamento das portas, ajustes de altura do volante e do banco do motorista, desembaçador e limpador do vidro traseiro, computador de bordo, abertura interna da tampa de combustível, rodas de aço aro 14 com calotas e pneus 165/70, travamento automático e preparação para som.
Opcionais: kit de áudio com rádio/CD com entradas USB e auxiliar (R$ 660,61); Shift tatoo preto com faixas adesivas longitudinais (R$ 225); máscara negra para as seções dos faróis de neblina (R$ 17,37); Pintura cinza Magnetic metálica (R$ 720).
Preço base: R$ 33.390
Preço completo: R$ 35.013



fonte:http://colunas.autoesporte.globo.com

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